Encabezado

mayo 30, 2013

Liberdade amordaçada (5) - Governo argentino mira o papel jornal para controlar a imprensa

Sob ameaça de expropriação de fábrica, diários temem interferência e chavismo

Para mostrar como as restrições à liberdade de expressão e a intervenção do governo argentino em vários setores afetam o país, O GLOBO iniciou no domingo a série de reportagens intitulada “Liberdade Amordaçada”. Os textos estão sendo compartilhados com mais dez jornais da América Latina que, como O GLOBO, integram o Grupo de Diarios América (GDA).

Janaína Figueiredo
Correspondente do GLOBO/GDA

BUENOS AIRES - Há cerca de três anos, o secretário de Comércio Interior argentino, Guillermo Moreno, o mesmo funcionário que está à frente da intervenção no Indec (o IBGE local) e da campanha contra meios de comunicação privados, principalmente o grupo Clarín, assegurou durante uma reunião de diretores da empresa Papel Prensa, que fornece papel a 95% dos jornais argentinos, que tinha em mãos um plano para transferir o controle da companhia ao Estado. Fiel a seu estilo pouco diplomático, Moreno assegurou que se algum membro da diretoria revelasse o que estava sendo discutido, seria vítima “de meus rapazes, especialistas em quebrar colunas”. As ameaças do funcionário foram denunciadas por Carlos Collaso, a época integrante do Conselho de Vigilância da Papel Prensa, mas nada aconteceu.

As pressões do governo Kirchner sobre a empresa, administrada pelo Clarín (49%), La Nación (22,6%) e o Estado (28%), foram constantes e alcançaram seu auge este mês, com a apresentação de um projeto de lei que prevê a expropriação de 24% das ações da companhia.

Se o documento, assinado pelos deputados ultrakirchneristas Diana Conti (a mesma que defende uma terceira reeleição da presidente Cristina Kirchner, porque não faz sentido uma “alternância boba” no poder) e Carlos Kunkel, entre outros, virar lei, o Estado passará a administrar 52% das ações da Papel Prensa e terá, como o presidente Juan Domingo Perón em seus primeiros dois governos (1946-1955), total controle do papel usado pelos jornais.

No segundo governo de Cristina (iniciado em dezembro de 2011), foi aprovada uma lei que deixou em poder do Estado as autorizações para importar papel. Se o novo projeto dos kirchneristas também obtiver sinal verde do Parlamento, o Estado poderá, ainda, comandar a produção, comercialização e distribuição do papel jornal.

Nos anos 40 e 50, com Perón em seu momento de glória, alguns jornais como “La Nación” circularam com apenas seis páginas (na época, não havia fabricação, apenas importação). As semelhanças com o passado causam profunda preocupação entre jornalistas locais.

— Moreno passaria a controlar o papel dos jornais e poderia condicionar a entrega do papel à posição de nossos jornais sobre políticas do governo — disse o diretor de Negócios do “La Nación”, Eduardo Lomanto.

Para ele, o projeto de lei 26.736 não tem qualquer lógica econômica, porque hoje o preço do papel de jornal está caindo na Argentina e no mundo, e “ninguém tem dificuldade de acesso, não se justifica uma intervenção estatal”.

— Estamos vendo coisas que jamais pensamos que veríamos. As semelhanças com a Venezuela são cada vez mais evidentes. O que nos diferencia é que a Justiça não perdeu total independência e ainda existe meios também independentes —afirmou Lomanto.

O projeto oficialista também gera temor em jornais como o “El Cronista”, que importa 100% do papel que usa e já enfrenta restrições com a lei sobre compras externas. Desde que estão vigentes as novas medidas, explicou o diretor de redação, Fernando González, “não podemos mais estocar papel, como fazíamos antes, para aproveitar momentos em que o preço está mais baixo. Somos obrigados a respeitar uma cota máxima”. González concorda com Lamonte sobre o risco de caminhar para um modelo cada vez mais parecido ao venezuelano.

— É muito perigoso que o Estado tenha o controle total do papel usado pelos jornais — frisou o diretor do “El Cronista”.

A Papel Prensa foi comprada pelos jornais “Clarín”, “La Nación” e “La Razón” (que depois vendeu sua parte), em 1977, à família Graiver. Na época, a empresa ainda não estava pronta e os três jornais tiveram de investir cerca de US$ 70 milhões para terminar as obras de construção da fábrica (o temor é que, como no caso da Aerolíneas Argentinas e Repsol-YPF, uma eventual expropriação não inclua qualquer tipo de indenização).

A aquisição da companhia foi questionada pela Casa Rosada em 2010, quando o governo denunciou a suposta participação dos três diários na perseguição a membros da família Graiver durante a última ditadura (1976-1983). Na época, a versão oficial da história foi negada por Isidoro Graiver, irmão de David Graiver, anterior dono da empresa (já falecido), e Sol, sua filha.

A denúncia do governo K foi respaldada por Lidia Papaleo, viúva de David Graiver, que, em conversa com Julio Saguier, dono do “La Nación”, confessou ter recebido uma oferta de US$ 2 milhões por parte do Executivo para falar (leia-se confirmar a história contada pela Casa Rosada) sobre a venda da Papel Prensa. Uma parte do pagamento, explicou Lidia no encontro com Saguier, estaria condicionada ao resultado de um processo judicial iniciado pelo governo nos tribunais da cidade de La Plata, ainda aberto.

— Nada do que foi denunciado pelo governo foi provado. Isidoro e Sol desmentiram a versão oficial. Os Graiver jamais nos acusaram de nada em nenhum dos processos dos quais participaram pelos sequestros e torturas sofridas — assegurou o diretor de negócios do “La Nación”.

De fato, após o retorno da democracia, os Graiver foram acusados de serem vinculados ao movimento Montoneros (braço armado da esquerda peronista) e esse foi, de acordo com todos os processos judiciais nos quais foram mencionados, o motivo de sua perseguição por parte dos militares.

O objetivo da Casa Rosada era que o “Clarín” e o “La Nación” fossem condenados por suposta cumplicidade com os militares para obrigar a família a vender a Papel Prensa. Com o processo ainda na Justiça e com poucas possibilidades de prosperar, dada a falta de provas, surgiu o projeto de expropriação da companhia.

— O objetivo de Moreno sempre foi ficar com a empresa. Há quase quatro anos somos alvo de um assédio permanente — disse Martin Etchevers, gerente de comunicações do grupo Clarín.

Ele lembrou que, ao longo de todo este período, a dona do grupo, Ernestina Herrera de Noble, também foi acusada de ter se apropriado de filhos de presos políticos desaparecidos.

O caso também continua aberto na Justiça, apesar de não ter sido encontrada qualquer prova sobre o vínculo de seus dois filhos adotivos, Marcela e Felipe, com desaparecidos políticos.
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ENTREVISTA A JORGE LANATA: 

‘Do ar não poderão metirar nunca’

Apresentador vem denunciando casos de corrupção envolvendo o governo Kirchner

Janaína Figueiredo
Correspondente do GLOBO/GDA

Buenos Aires Com as denúncias de corrupção, o programa “Jornalismo para Todos” conseguiu ter mais audiência que o campeonato nacional de futebol (transmitido pela TV estatal no mesmo horário). Desde então, as pressões contra o Clarín, ao qual pertence o canal 13 de TV, que transmite o programa, se intensificaram e surgiram rumores de intervenção.

Circulam rumores sobre uma intervenção no grupo Clarín e foi apresentado no Congresso o projeto de expropriação da empresa Papel Prensa. O senhor acha que ambas iniciativas serão aplicadas?

Expropriar a Papel Prensa não tenho dúvidas, o governo deverá fazer o possível para aprovar o projeto no Congresso nas próximas semanas. Intervir no Clarín teria um custo alto, porque seria uma medida absurda que certamente provocaria uma reação social, mas tudo pode ser. Este governo quando perde poder não recua, pelo contrário, redobra a aposta.

Seria a única maneira de tirar seu programa do ar...

(Risos) Sim, seria. Mas do ar não poderão me tirar nunca, continuarei falando até em festas de 15 anos. Não vão nos calar.

O senhor sabe que hoje é o maior pesadelo de Cristina?

(Risos) Posso imaginar.

Quando foi a última vez que esteve com a presidente?

Estive mais vezes com Néstor. A última vez que vi Cristina foi durante a campanha eleitoral de 2003. Naquela época, eles me ligavam pedindo para vir a meu programa de TV. Eram outros tempos.

Imaginou o que viria depois?

Não, e me arrependo de não ter dado bola às pessoas que me diziam que eles fariam no país a mesma coisa que fizeram em Santa Cruz, controlar a mídia, a Justiça, enfim, tudo.

Muitos já falam no fim do kirchnerismo, o que viria depois?

Acho que este peronismo será derrotado por um peronismo de direita. Porque, mesmo que seja mentira, no imaginário, o governo representa o progressismo e isso dificulta as possibilidades dos partidos de esquerda e centro-esquerda. Quem pode derrotá-los? Alguém com um discurso conciliador. Isso seria Scioli (governador de Buenos Aires), De la Sota (governador de Córdoba) ou Massa (prefeito do município de Tigre, na província de Buenos Aires).

O senhor acredita que outros governadores começarão a se distanciar do governo?

O peronismo funciona de uma maneira muito simples, a mesma coisa aconteceu na época de Menem. Eles se alinham com os que têm o poder. Vão onde está o poder e hoje muitos estão com um pé fora do barco.

Como é Cristina?

Uma pessoa estranha, que não tem amigas, tem um relacionamento complicado com sua família e não ouve ninguém. Ninguém diz nada a Cristina, todos ouvem Cristina. É uma pessoa que tem pouca conexão com o povo. A vejo cada vez mais autista, não registra o que está acontecendo a seu redor.

mayo 29, 2013

Liberdade amordaçada (4) - Câmbio: pesadelo para os argentinos

Em meio a denúncias de corrupção, governo amplia controle do dólar, dificulta negócios e encarece viagens

Para mostrar como as restrições à liberdade de expressão e a intervenção do governo argentino em vários setores do país afetam a sociedade, O GLOBO iniciou no domingo a série de reportagens intitulada "Liberdade Amordaçada". Os textos estão sendo compartilhados com mais dez jornais da América Latina que, como O GLOBO, integram o Grupo de Diarios América (GDA). 



Janaína Figueiredo
Correspondente do GLOBO/GDA

BUENOS AIRES Em seu segundo mandato (o terceiro consecutivo da família Kirchner), a presidente Cristina Kirchner decidiu assumir totalmente o controle de uma operação que era considerada fundamental para a economia de milhões de argentinos: a compra de dólares. Desde a década de 70, a maioria da população do país que tem capacidade de poupar opta pela moeda americana, o refúgio encontrado para atravessar as cíclicas crises econômicas do país, quando ninguém imaginava que adquirir dólares passaria a ser, com os Kirchner no poder, uma odisseia. 

Em novembro de 2011, a Afip (a Receita local) começou a aplicar as primeiras restrições, dada à escassez cada vez maior de dólares no país. A torneira se fechou cada vez mais e esta semana foi confirmada a última de uma longa lista de medidas destinadas a impedir que os argentinos tenham acesso ao dólar: a partir de agora só poderão ser sacados US$ 50 por mês em caixas de países limítrofes e US$ 800 no resto do mundo. 

Cada vez que a Casa Rosada aplica nova limitação no mercado cambial, o dólar paralelo - que ontem fechou em cerca de 8,98 pesos e chegou a superar dez pesos em meados deste mês, bem acima dos 5,24 pesos do oficial - aumenta. Hoje, como no caso da inflação manipulada pelo Indec (o IBGE argentino), ninguém sabe exatamente na Argentina qual é o valor do dólar. 


O controle exercido pela Afip, órgão encarregado de autorizar ou não todas as compras de dólares solicitadas pelos argentinos, gerou um verdadeiro caos no mercado. Os grandes jornais locais informam diariamente sobre a evolução do valor da moeda americana no mercado oficial e no paralelo, em base com informações de operadores de casas de câmbio. A realidade, porém, é que os argentinos perderam uma referência que era essencial para todos os que podem economizar, pequenas ou grandes quantidades de dinheiro, e setores como a construção, imobiliário e turismo, entre outros, que tradicionalmente calculavam seus custos em dólares. 

Em meio a denúncias de corrupção envolvendo a Casa Rosada e a pressões à imprensa, a Afip também é usada pelo governo Kirchner para perseguir veículos de comunicação e jornalistas. Este mês, dois jornalistas do Grupo Clarín foram alvo de inspeção do órgão em suas casas. Até o grupo, em 2009, no mesmo ano em que foi aprovada a Lei de Meios, sofreu inspeção sem aviso prévio, com a participação de cerca de 200 agentes da Receita argentina. Os jornais também têm dificuldades para comprar dólares, necessários até para financiar viagens internacionais de jornalistas. 

Após aplicar intervenção inédita no câmbio nas últimas décadas, a Casa Rosada lançou projeto de lei destinado a legalizar US$ 120 bilhões (para alguns analistas são quase US$ 200 bilhões) que os argentinos têm atualmente fora do sistema financeiro e, em muitos casos, no exterior. O projeto, que ainda deve passar pelo Congresso, prevê custo tributário zero, claro sinal de que a falta de dólares já chegou a níveis dramáticos. Pela primeira vez, desde 2007, as reservas do Banco Central do país estão abaixo dos US$ 40 bilhões. 

Com este pano de fundo, a sensação entre muitos argentinos é de que o governo Kirchner está limitando seus movimentos, na tentativa de resolver um problema criado por sua própria gestão. A Argentina não tem dólares, explicam os economistas, pela falta de confiança no país, que afugenta investimentos e aumenta a demanda de moedas estrangeiras, e a utilização do BC para financiar o crescente gasto público. 

Aperto em gastos no exterior

Quem quer comprar dólar na maioria das vezes não consegue. Sair do país ficou mais caro e já não se pode sequer tirar o dinheiro necessário em caixas no exterior. Quem gasta mais de US$ 5 mil com o cartão fora do país recebe carta da Afip exigindo a justificação de todas as despesas. Com o objetivo de conter a demanda de dólares e criar um novo obstáculo para quem quiser viajar, este ano a Afip aplicou uma sobretaxa de 20% para despesas no exterior. Ou seja, qualquer viagem para fora do país ficou 20% mais cara. A iniciativa teve forte impacto no volume de trabalho das agências de viagens. 

- Tínhamos dez pacotes quase fechados e que foram cancelados. As pessoas se assustaram muito - contou o operador turístico Marcelo Mirgone. Segundo ele, a agência na qual trabalha ainda é um bom negócio porque tem muitos clientes corporativos, que não estão cortando viagens pela sobretaxa. Já os clientes particulares são mais vulneráveis. - Nas últimas semanas circulou rumor forte de que a sobretaxa passaria a 40%. 

Seja para poupar, ter dinheiro para gastar no exterior por lazer ou trabalho, muitos argentinos não conseguem sinal verde da Afip para comprar dólares ou outras moedas. O pedido é feito através do site oficial do organismo, que automaticamente responde se a pessoa pode ou não realizar a operação. 

O contador Diego Hernández Elizalde viajou na semana passada para Miami com sua família e antes de embarcar não conseguiu comprar sequer um dólar. 

- Não queria comprar muito, apenas o necessário para me locomover - disse ele, um pouco irritado. Elizalde não é contra a aplicação de algumas restrições no mercado cambial. - Mas o que estão fazendo é um exagero. 

O contador conseguiu, pelo menos, retirar alguns dólares de caixas em Miami, onde a restrição ainda é de US$ 800 mensais. O chamado "dólar cartão" fica em 5,24 pesos (a cotação oficial), mais 20% de taxa da Afip, 3% de custos de financiamento bancário e US$ 5 cobrados pelos bancos locais por cada US$ 300 retirados. Ou seja, quem extrai dólares no exterior paga em torno de 6,67 pesos por dólar. 

Após o "corralito verde", surgiu o "dólar Colônia", pela invasão de argentinos na pequena cidade uruguaia para sacar dinheiro de caixas. Com as novas limitações, o "dólar Colônia" deverá diminuir bastante, mas poderá ser substituído pelo "dólar Montevidéu": casas de câmbio da capital do Uruguai estão oferecendo dólares por 8,20 pesos, pouco abaixo do paralelo. 

Sem dólares, no exterior os argentinos usam, basicamente, cartão de crédito. É o que faz a consultora em sistemas Maria Dolores Espino, cada vez que precisa viajar a trabalho. 

- Desde o ano passado a Afip não me autoriza mais a comprar dólares, só me resta usar o cartão - comentou Dolores. 

Um dos temores agora é de que o governo decida averiguar quantos dólares os argentinos têm em cofres bancários. O comentário circula com força há algumas semanas.

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ENTREVISTA A MARTIN REDRADO:

Governo “criou um labirinto, do qual é cada vez mais difícil sair”


Ex-presidente do Banco Central critica controle do câmbio que impacta a produção e aumenta a desconfiança dos argentinos em relação a sua moeda.

Janaína Figueiredo
Correspondente do GLOBO/GDA

BUENOS AIRES. Na opinião do ex-presidente do Banco Central, Martin Redrado (2004-2010), atual árbitro da Organização Mundial de Comércio, as restrições para a compra de moeda estrangeira na Argentina serão cada vez maiores porque o governo “criou um labirinto, do qual é cada vez mais difícil sair”. “Em vez de buscar dólares através de novos investimentos que estão indo para outro países, optaram pelo controle”, assegurou Redrado.

Por que o governo aplicou limitações tão drásticas no mercado cambial?

MARTIN REDRADO: A política de controle do câmbio é consequencia de ter transformado o Banco Central num talão de cheques para financiar o governo, por exemplo, usando as reservas para pagar qualquer tipo de dívida. O BC também multiplicou a emissão de pesos para financiar o Estado e isso gerou mais inflação. O dólar aumentou menos do que a inflação e isso provocou um forte aumento da demanda de dólares. Primeiro, tivemos o que muitos pensaram que era um boom de consumo, mas depois da festa veio a ressaca. Após as eleições de 2011, dada à escassez de dólares e a incapacidade do governo de conseguir moeda estrangeira, vieram os controles.

Não havia outra solução?

REDRADO: Com uma política econômica que despertava cada vez mais desconfiança, os investimentos foram se reduzindo e o país ficou refém apenas dos dólares do comércio, basicamente, das exportações de produtos primários. Em vez de aplicar políticas sérias e fazer mudanças que pudessem atrair investimentos que hoje vão para outros países da região, o governo Kirchner optou pelas restrições à venda de dólares.

Para a classe média foi um golpe difícil de digerir...

REDRADO: Sim, mas, na minha opinião, o mais grave foi o impacto na produção argentina que precisa de insumos importados. No ano passado, setores como o siderúrgico, automobilístico e energético sofreram quedas em suas produções entre 10% e 12%. Economias regionais como a da província de Mendoza, que produz vinhos, foram muito prejudicadas. E tudo isso levou à perda de empregos. No primeiro trimestre deste ano, foram perdidos quase 200 mil postos de trabalho, em comparação com o mesmo período de 2012.

Hoje ninguém sabe quanto vale o dólar na Argentina.

REDRADO: Perdemos um preço importante para nossa economia, para os setores industriais que precisam calcular custos que incluem importações de insumos.

O dólar paralelo chegou a superar os dez pesos...

REDRADO: O governo gerou muita confusão, não sabem para onde vão. É evidente que o BC perdeu o controle da política cambial, hoje em mãos da AFIP (a Receita local) e o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. Cada vez que anunciam uma nova medida, o dólar não oficial dispara. O sistema de controle do câmbio aplicado pelo governo é como um labirinto e não temos como sair, a tendência é ao aumento das restrições.

Estão circulando muitos rumores, até mesmo que poderiam abrir cofres bancários em busca de dólares.

REDRADO: Não gosto de alimentar rumores. Mas são comentários de funcionários do governo os que provocam esta usina de rumores. Existe uma falta total de critério e isso gera mais incerteza. O maior fator de risco para a Argentina hoje é o fator K: qualquer coisa é possível. Na mente de um argentino que vê o BC sendo usado para financiar o Estado, a Lei de Meios, a Justiça controlada, qualquer coisa é possível.

mayo 28, 2013

Liberdade amordaçada (3) - Imprensa independente sob ataque na Argentina

Governo Kirchner tenta silenciar críticas de veículos e beneficia aliados, que já são 80% da mídia

Janaína Figueiredo

Correspondente do GLOBO/GDA

BUENOS AIRES - Em meados de 2009, depois de ter sofrido uma amarga derrota nas eleições legislativas de junho do mesmo ano, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e sua sucessora, a presidente Cristina Kirchner, decidiram intervir nos meios de comunicação, considerados pela Casa Rosada os principais responsáveis pelo revés nas urnas. Assim nasceu a Lei de Serviços Audiovisuais, a chamada Lei de Meios, cujo real objetivo, para muitos jornalistas e dirigentes da oposição, foi destruir o Grupo Clarín, dono de importantes rádios, canais de TV e jornais que se atrevem a questionar a gestão kirchnerista e, nas últimas semanas, divulgaram gravíssimas denúncias de corrupção envolvendo funcionários e empresários vinculados à família presidencial, que estão sendo investigadas pela Justiça.

Basta observar o atual mapa de meios para desconfiar do discurso inicial de pluralismo dos Kirchner: cerca de 80% da mídia estão alinhados com a Casa Rosada. Desde a aprovação da medida, o governo concentrou esforços na disputa judicial com o Clarín, ainda sem desfecho; multiplicou os recursos da publicidade oficial que financiam meios aliados e ignorou demandas de rádios comunitárias, que, de acordo com a lei, deveriam ter ficado com 33% do total de licenças de meios audiovisuais (outros 33% seriam para o Estado e o mesmo percentual para empresas privadas).

Para mostrar como as restrições à liberdade de expressão e a intervenção do governo argentino em vários setores afetam o país, O GLOBO iniciou no domingo a série de reportagens intitulada “Liberdade Amordaçada”. Os textos estão sendo compartilhados com mais dez jornais da América Latina que, como O GLOBO, integram o Grupo de Diarios América (GDA).


Denúncia do Clarín

O Clarín denunciou a suposta inconstitucionalidade da lei na Justiça e desde 2009 enfrenta uma verdadeira guerra judicial. A decisão final, ainda sem data prevista, deverá ficar nas mãos da Corte Suprema de Justiça do país. Se o máximo tribunal respeitar a última resolução da Câmara Civil e Comercial, o grupo perderá duas emissoras de rádio, bem menos do que pretendia o Executivo.
Ciente desta possibilidade, o governo começou a analisar uma eventual intervenção no Clarín. A iniciativa seria implementada graças à Lei de Mercado de Capitais, aprovada em 2012, que permite a intervenção de empresas em casos de prejuízos para sócios minoritários (o Estado controla 8% das ações do grupo). Os planos do governo foram revelados pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, numa recente assembleia de acionistas do grupo. Paralelamente, nas últimas semanas o Clarín recebeu 13 intimações da Comissão Nacional de Valores (CNV), que seria o organismo encarregado de ordenar a intervenção.


Rádios comunitárias

Se há três anos Néstor e Cristina Kirchner defendiam a necessidade de “dar espaço a mais vozes”, hoje a realidade é bem diferente. Rádios comunitárias que se entusiasmaram com a lei de 2009 reclamam, sem reposta, uma licença oficial à Autoridade Federal de Serviços Audiovisuais (AFCSA). É o caso de La Caterva (97,3 FM de Buenos Aires), do movimento de esquerda A Dignidade. Nos últimos cinco meses, a pequena emissora, da qual participam moradores da favela 21-24, do bairro portenho de Barracas, sofre, ainda, uma interferência originada por outra rádio que opera sem licença na mesma região.

— Nosso caso é um claro exemplo de que a Lei de Meios nunca foi aplicada. A democratização foi apenas um discurso — afirmou Julián Bokser, um dos dirigentes do movimento. A rádio participou de um censo realizado pela AFCSA, mas até hoje não foi concedida sequer uma nova licença de rádio.

— Tudo é muito desorganizado, estamos pedindo que a lei seja aplicada e ajude os meios comunitários — insistiu Bokser.

As empresas privadas e independentes da publicidade oficial que conseguem resistir às pressões oficiais são cada vez mais raras. Já os jornais, rádios e TV que adotaram um discurso único de defesa do projeto kirchnerista cresceram de forma expressiva. Nos últimos anos, empresários amigos dos Kirchner, como Cristóbal López (também dono de cassinos e companhias do setor energético), compraram grandes empresas de comunicação (o canal de TV C5N e a Rádio 10), que passaram a engrossar a lista de meios K.

— Hoje temos uma concentração de meios em mãos de empresários amigos do governo, que dependem dos recursos estatais — afirmou Carlos Jornet, presidente da Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina (Adepa). Para ele, “longe de promover o pluralismo, o governo financia meios aliados e busca asfixiar os críticos”.

Os números provam sua denúncia: entre janeiro e março passado, o governo distribuiu 167 milhões de pesos (US$ 32 milhões) em publicidade oficial. O jornal “Tempo Argentino” (de baixa tiragem), do ultrakirchnerista grupo Veintitrés, obteve 23 milhões de pesos (US$ 4,3 milhões). O “Página 12”, outro aliado da Casa Rosada, ficou com 16 milhões de pesos (US$ 3 milhões). Já o “Clarín” (o mais lido do país) recebeu 77 mil pesos (US$ 14,6 mil) e o “La Nación” (o segundo mais importante), 52 mil pesos (US$ 10 mil).

— Segundo dados extra-oficiais, no ano passado o governo gastou quase 2 bilhões de pesos (US$ 300 milhões) em financiamento de meios de comunicação, e esse dinheiro é distribuído de forma discriminatória, apesar de uma resolução vigente da Corte Suprema — enfatizou Jornet.

O clima entre os jornalistas argentinos é de profunda preocupação. Na semana passada, mais de 200 trabalhadores da imprensa assinaram um documento rechaçando “a intensificação dos ataques” e a possível intervenção no Clarín.

— As liberdades estão ameaçadas em nosso país, impera o medo, a autocensura e uma política de terror — disse Mariano Obarrio, setorista do “La Nación” na Casa Rosada, sede oficial do governo argentino. Para ele, neste momento, o governo está “particularmente assustado pelas informações sobre suspeitas de corrupção, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro”.

— Cristina não quer democratizar e, sim, controlar os meios de comunicação.

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ENTREVISTA A MAURICIO MACRI:

'Nossa liberdade está sendo agredida'


Janaína Figueiredo
Correspondente do GLOBO/GDA

Prefeito de Buenos Aires assinou um decreto para evitar uma eventual intervenção no Clarín 

Buenos Aires - Um dos principais líderes da oposição, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, espera que o decreto que determina que a Justiça portenha pode atuar em defesa da liberdade de expressão na capital do país se torne lei logo. 


Como e quando surgiu a ideia do decreto? 

Frente à perseguição crescente à imprensa por parte do governo, pensamos em fazer alguma coisa para defender dois pilares da democracia, que são a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Há vários anos começamos a notar uma intolerância com a imprensa independente e depois de fazer uma análise profunda sobre o assunto decidimos aprovar este decreto, cuja base é a própria Constituição, que diz que a liberdade de imprensa é responsabilidade de cada distrito. 

Por que agora? 

Terminamos nosso trabalho em dezembro passado e decidimos esperar um pouco. Mas, nos últimos meses aconteceram coisas muito graves, como a proibição de publicar anúncios de empresas privadas em jornais, a apresentação de um projeto de lei para expropriar a empresa Papel Prensa e as ameaças de intervenção do Grupo Clarín. A imprensa independente está claramente em risco. 

Se o governo ordenar a intervenção do Clarín, a Justiça portenha poderá fazer algo? 

Esta lei defende direitos, como a imprensa independente. Em cada caso, o Tribunal Superior de Buenos Aires receberá um pedido de alguma pessoa física ou jurídica e decidirá se deve ou não conceder uma liminar ou proteger esses direitos. 

Vereadores kirchneristas recorreram à Justiça ... 

Sim, e a decisão da Justiça foi muito clara. Foram questionados alguns pontos do decreto, mas não a questão essencial, que é a defesa da liberdade de expressão por parte da Justiça da cidade. O decreto hoje é uma lei vigente e ficará assim até que a Assembleia aprove a lei definitiva, nos próximos dias. 


Qual é a estratégia do governo Kirchner em relação aos meios de comunicação? 

Este é um governo que não tem um plano. Um governo que atua de forma intempestiva. Uma eventual intervenção mo Clarín seria como querer cobrir o sol com uma peneira. Aqui é necessário trabalhar de verdade para combater a inflação, a insegurança, recuperar os investimentos. Nós vamos fazer tudo isso, no pós-kirchnerismo. 

Existe liberdade de expressão na Argentina? 

Nossa liberdade de expressão está sendo seriamente agredida. Mas ainda podemos nos expressar, apesar dos medos e perseguições. Os mais corajosos nos últimos anos foram os jornalistas, muito mais do que a média dos políticos, empresários e acadêmicos.


mayo 27, 2013

Libertade amordaçada (2) - Argentina: país sem referência de preços

Governo controla índice de inflação, o que dificulta contratos, e proíbe anúncios de ofertas nos jornais

Janaína Figueiredo

Correspondente do GLOBO/GDA

BUENOS AIRES Em fevereiro de 2007, os argentinos perderam o que economistas no mundo inteiro consideram um bem público: estatísticas oficiais confiáveis elaboradas pelo Estado. Referência importante para a sociedade, é com base nesses números, por exemplo, que são negociados contratos, aluguéis, preços e salários. Na época, o então presidente, Néstor Kirchner (2003-2007), ordenou a intervenção no Indec (o IBGE local) e deixou o comando do organismo em mãos do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, que se tornou uma espécie de superministro. 


Nos últimos cinco anos, Moreno fez uma profunda reestruturação no Indec, afastando técnicos com mais de uma década de experiência e impondo uma equipe composta, em grande medida, por militantes. Além disso, mais recentemente, Moreno também comandou a cruzada contra o grupo Clarín; processou empresas de consultoria que passaram a divulgar na mídia seus próprios indicadores de inflação; controlou preços em supermercados; proibiu a publicação de ofertas de supermercados e lojas de eletrodomésticos em meios de comunicação impressos (para asfixiar os principais jornais do país com perda de receita publicitária). Além disso, limitou a atuação de tradicionais associações de defesa dos direitos dos consumidores, que desde 2007 questionam os métodos do secretário para conter a inflação. 

Para mostrar como as restrições à liberdade de expressão e a intervenção do governo argentino em vários setores do país afetam a sociedade como um todo, O GLOBO iniciou ontem uma série de reportagens intitulada "Liberdade Amordaçada". Os textos estão sendo compartilhados com mais dez jornais da América Latina que, como O GLOBO, integram o Grupo de Diarios América (GDA). 

No primeiro ano de gestão de Moreno, o Indec estimou que o Índice de Preços ao consumidor (IPC) atingiu 8,5%. Já com as primeiras suspeitas de manipulação pairando sobre o organismo, empresas de consultoria privadas decidiram realizar suas próprias medições, estimando, em média, uma inflação de 16,7%. Os economistas argentinos, explica Marina Dal Poggetto, da consultoria Miguel Bein, "ficaram sem uma ferramenta essencial de trabalho. Foi como deixar um médico sem bisturi". Já a sociedade, enfatizou a economista, "perdeu um termômetro necessário na hora de discutir qualquer tipo de contrato". 

- Hoje a realidade é que ninguém sabe qual é a inflação real e isso afeta os 40 milhões de argentinos - diz Marina. 

Pressão por reajustes salariais

A estratégia adotada por Moreno foi simples: sua secretaria denunciou na Justiça pelo menos 11 empresas de consultoria que passaram a ser consultadas por jornalistas locais, dadas as suspeitas de manipulação no Indec. Moreno as acusou de ter violado a Lei de Lealdade Comercial (que proíbe a divulgação de preços falsos) e exigiu pagamento de multa de 500 mil pesos (US$ 95 mil). Há dez dias, a Justiça suspendeu a medida no caso de sete empresas, inclusive a de Miguel Bein e a Ecolatina (fundada pelo ex-ministro da Economia Roberto Lavagna). Mas, sem exceção, as consultorias decidiram continuar fora da mídia por temor de novas retaliações. 

A saída encontrada por jornais não alinhados com as políticas da Casa Rosada foi informar o chamado Índice de Preços do Congresso, que passou a ser divulgado todos os meses por deputados opositores, em base a estimativas privadas. No entanto, o IPC do Congresso (cuja fonte não é conhecida e, portanto, tampouco confiável) não supriu o que foi perdido pelos argentinos. O dano causado pela intervenção do Indec afetou toda a economia do país: consumidores, donos de imóveis, pequenos, médios e grandes empresários e comerciantes. Todos foram obrigados a aprender a viver sem saber qual é a inflação real. 

Em 2012, o comerciante Fernando Céspedes, dono de uma ótica no bairro de Palermo, reajustou, em média, em 35% seus produtos. Ele explicou que foi obrigado a aumentar de forma expressiva alguns preços porque seus fornecedores fizeram a mesma coisa: 

- As grandes empresas podem absorver a alta de custos de produção, mas os pequenos, mais desprotegidos, são os que mais elevam os preços. 

Os sindicatos que estão em negociação salarial exigem reajustes acima de 25% e obtêm o aval da Casa Rosada, apesar da contradição com os números do Indec, que em 2012 calculou um IPC de 10,8%, abaixo dos 25% estimados por analistas. 

Desconfiança generalizada

O mesmo problema enfrenta a corretora Julia Mel, da imobiliária Raúl Mel. Após a intervenção no Indec, os contratos passaram a incluir cláusulas sobre reajustes de preço no segundo ano de aluguel. Primeiro eram aumentos de 10%, depois 15% e nos últimos dois anos o percentual subiu para 25%. 
- Muitos donos de imóveis pedem taxas mais altas, mas o limite é a capacidade de pagamento dos inquilinos - diz Julia. 

Os proprietários mais assustados com a escalada da inflação preferem aumentos semestrais, mas estes, diz a corretora, são os apartamentos mais difíceis de alugar. 

Segundo a Universidade Di Tella, a expectativa de inflação dos argentinos para este ano é de 30%. Com o Indec mergulhado numa crise de legitimidade, economistas sob ameaça de perseguição judicial e governos provinciais cada vez mais atemorizados (das 15 províncias que mediam a inflação, hoje apenas três continuam divulgado seus indicadores), os argentinos não só duvidam de tudo, como também acham que a inflação é ainda maior do que calculam consultorias privadas. 

Em meio a esta conjuntura e diante de eleições legislativas em outubro (que definirão o futuro do kirchnnerismo), a Casa Rosada decidiu congelar o preço de dez mil produtos (por pressão dos supermercados, cujas vendas foram prejudicadas, a partir de junho serão apenas 500). O plano de Moreno entrou em vigor em fevereiro passado e, no mesmo mês, o secretário comunicou aos donos de supermercados e redes de eletrodomésticos a decisão de vedar a publicação de anúncios com ofertas nos grandes jornais do país ("Clarín", "La Nación" e "Perfil"). A medida representou um duro golpe para os jornais, mas também para os consumidores argentinos: segundo pesquisa da CCR, 78% da população argentina segue as ofertas na hora de decidir uma compra. 

A União de Consumidores Argentinas (UCA), lançou a campanha "Precisamos estar informados": 

- O congelamento foi um fiasco e, ainda por cima, acabaram com uma ferramenta essencial que permite aos consumidores comparar preços e ser informados sobre ofertas. O direito à informação do consumidor está protegido pela Lei 24.240 - diz Fernando Blanco Muiño, presidente da UCA. 

Ele, como o ex-deputado socialista Héctor Polino, à frente da Consumidores Livres; e Sandra González, da Associação de Defesa de Consumidores e Usuários, são excluídos dos encontros realizados por Moreno com ONGs de defesa dos consumidores. No caso de Polino, no ano passado, o secretário suspendeu preventivamente sua ONG do Registro Nacional de Associações de Consumidores, por divulgar aumentos no valor da cesta básica.

- Foi uma medida arbitrária, sem precedentes em nosso país - diz Polino.

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ENTREVISTA A GRACIELA BEVACQUA:

"Deixaram a Argentina sem estatísticas públicas sérias”


Janaína Figueiredo
Correspondente do GLOBO/GDA

BUENOS AIRES. Desde que a Casa Rosada ordenou a intervenção do Indec (o IBGE local), em fevereiro de 2007, cerca de 700 funcionários do organismo foram afastados de seus cargos ou renunciaram por motivos pessoais (em sua grande maioria, estresse). A ex-diretora do Índice de Preços ao Consumidor (IPC),Graciela Bevacqua, é a mais famosa dos ex-técnicos do Indec, que, além de ter sido demitida, foi denunciada na Justiça pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. “Destruíram 40 anos de trabalho do Indec e deixaram a Argentina sem estatísticas públicas sérias”, disse Graciela ao GLOBO.

Quando começaram as pressões do governo?

GRACIELA BEVACQUA: Em 2006, um ano antes da primeira eleição de Cristina Kirchner. O secretário Moreno pediu informações sobre o IPC, informações que estão protegidas pela lei que criou o Indec, em 1960. Não podemos dar essas informações, porque com elas o governo pode, por exemplo, pressionar comércios e cidadãos que são fontes do organismo. Como nos negamos, meses depois anunciaram aintervenção.

A senhora continuou em seu cargo de diretora do IPC depois de 2007?

GRACIELA: Foi transferida para outro cargo e finalmente afastada do organismo em 2009. Nunca vimos uma coisa assim. Centenas de técnicos foram substituídos por militantes políticos. O Indec tem hoje 1.500 funcionários, dos quais mil foram contratados após a intervenção. São pessoas sem experiência que trabalham na elaboração de todas as estatísticas, até mesmo no Censo realizado em 2010. Em algumas províncias, já me comentaram que os dados do Censo não são corretos.

A senhora foi denunciada na Justiça.

GRACIELA: Sim, porque armei um grupo de trabalho com estudantes da Universidade Nacional de Buenos Aires e elaboramos nosso próprio IPC. Como muitas consultoras privadas, fui acusada de violar a Lei de Lealdade Comercial, mas a Justiça acaba de suspender a multa de 500 mil pesos que Moreno pretendia nos cobrar. Também fui alvo de uma denúncia penal por agiotagem. Disseram que meu IPC alternativo afetava futuros investimentos de empresas, que alterava o mercado. Uma loucura. Esse processo ainda está aberto e não posso falar muito sobre ele.

Todas as estatísticas do Indec perderam credibilidade?

GRACIELA: Sim, todas. Se o IPC está manipulado, também estão o PIB, a taxa de pobreza, tudo. O Estado deixou de cumprir uma função essencial e os cidadãos perderam um direito.

mayo 26, 2013

Liberdade amordaçada (1) - Na Argentina, atentados contra imprensa

Restrições à publicidade, devassas do Fisco e tentativas de controlar o setor marcam gestão dos Kirchner 

Janaína Figueiredo

Correspondente de O Globo/GDA

BUENOS AIRES Os rumores, nas últimas semanas, sobre uma possível intervenção estatal no Clarín, o mais importante grupo de comunicação da Argentina, são o mais recente capítulo de uma onda de ataques, pressões e restrições à liberdade de expressão no país, desde que o governo Kirchner assumiu. A escalada de atos oficiais contra a liberdade de imprensa na história recente da Argentina é o tema de uma série de reportagens que O GLOBO publica a partir de hoje, intitulada "Liberdade Amordaçada", que mostra como as restrições à liberdade de expressão afetam a sociedade como um todo. Os textos estão sendo compartilhados com mais dez jornais da América Latina que, juntamente com O GLOBO, integram o Grupo de Diarios América (GDA). 


Os primeiros conflitos entre o governo kirchnerista e os meios de comunicação surgiram em meados de 2008, durante a rebelião dos produtores rurais que terminou com a ruptura entre a presidente Cristina Kirchner e seu então vice-presidente, Julio Cobos. A cobertura jornalística da crise dos ruralistas (em meio à qual Cristina pensou em renunciar à presidência) feita por "Clarín" e "La Nación", os dois jornais mais lidos pelos argentinos, foi questionada pelo governo kirchnerista, que, no ano seguinte, culpou a imprensa pela derrota do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) nas eleições legislativas de junho de 2009. 

A resposta não tardou. Três meses depois e com o governo mergulhado numa crise interna, foi aprovada a polêmica Lei de Meios Audiovisuais, ainda motivo de disputas na Justiça. Desde então, segundo jornalistas locais, os meios de comunicação privados e não alinhados com a Casa Rosada são considerados inimigos do projeto de poder kirchnerista, que tem como pilar essencial "o silenciamento de vozes opositoras". 

Este ano, quando o governo Kirchner enfrentará um novo teste nas urnas (as eleições legislativas do próximo dia 28 de outubro), os atentados à liberdade de expressão se intensificam. O kirchnerismo apresentou recentemente um projeto de lei que prevê a expropriação da empresa Papel Prensa, controlada pelos grupos Clarín (49%), La Nación (22,6%) e Estado (28%), iniciativa que deixaria em mãos do Estado o controle total da produção, comercialização e importação do papel de jornal (a companhia abastece 95% dos diários argentinos). 

O governo também redobrou as pressões sobre a Justiça para obter um parecer favorável à plena aplicação da Lei de Meios, principalmente, aprovando no Congresso uma polêmica reforma do Judiciário. Agora, o governo Cristina Kirchner persegue a ideia de uma intervenção no grupo Clarín por meio da nova Lei de Mercado de Capitais. A escalada de restrição à atuação da imprensa tem despertado reações de repúdio por parte de associações de defesa da liberdade de expressão dentro e fora da Argentina, entre elas a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e a Associação Internacional de Radiodifusão (AIR). 

A própria Cristina Kirchner reforçou os ataques a meios de comunicação em cadeias de rádio e TV e o governo aplicou medidas que estão asfixiando economicamente a imprensa, entre elas a proibição (não oficial, mas efetiva) de publicar anúncios de supermercados e de cadeias de eletrodomésticos nos jornais, considerada um atentado ao direito de informação por associações de defesa dos consumidores. Organismos estatais, como a AFIP (a Receita local), também estão sendo usados para intimidar jornalistas e empresas do setor, entre outras ofensivas. 

- No ano passado, registramos 172 agressões a jornalistas e meios de comunicação, incluindo ataques, perseguições tributárias e judiciais e distribuição dos milionários recursos da publicidade oficial só entre empresas alinhadas com as políticas do governo - disse Andrés D'Alessandro, diretor executivo do Foro de Jornalistas Argentinos (FOPEA). 

Entre 2011 e 2012, explicou D'Alessandro, o número de agressões aumentou 41%. 
- Estamos observado a consolidação e naturalização de uma dinâmica permanente de assédio à imprensa - lamentou o diretor executivo do FOPEA. 

Decretos locais para defender liberdade

A utilização de organismos como a AFIP como arma na declarada guerra contra a imprensa independente é cada vez mais intensa. Em 2009, mais de 200 agentes da Receita local participaram de uma inspeção ao grupo Clarín. Este mês, dois jornalistas do canal de TV "Todo Notícias" foram alvo de devassa do Fisco em suas residências. O diretor da AFIP, Ricardo Etchegaray, entrou na Justiça contra o jornalista Matias Longoni, do "Clarín", acusado de provocar "danos e prejuízos" ao funcionário pela publicação do livro "Fora de Controle", uma biografia não autorizada de Etchegaray, que inclui informações sobre sua formação militar na década de 70. O diretor da AFIP exige 1 milhão de pesos (cerca de US$ 190 mil) de indenização. 

- Nos últimos tempos, a AFIP tornou-se central na estratégia de perseguição a jornalistas e meios de comunicação - afirmou José Crettaz, especialista e mídia do jornal "La Nación". 

Apesar de no ano passado ter distribuído cerca de 1,9 bilhão de pesos (cerca de US$ 365 milhões) em recursos da publicidade oficial e com isso controlar, segundo Crettaz, mais de 80% dos meios de comunicação, o governo Kirchner continua enfrentando denúncias de corrupção, questionamentos de suas políticas e críticas diversas por parte de jornais que não dependem do Estado para sobreviver. A escalada de ataques é cada vez maior e levou dois dirigentes de peso da oposição, o chefe de governo portenho, Mauricio Macri, e o governador da província de Córdoba, José Manuel de la Sota, a aprovarem decretos (que deverão tornar-se leis provinciais) de defesa de liberdade de expressão em seus distritos.


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ENTREVISTA A MARTIN ETCHEVERS:

‘O objetivo do governo era nos destruir’

Para o gerente de Comunicações Externas do grupo Clarín, lidar com intimações é rotina

JANAÍNA FIGUEIREDO-O GLOBO/GDA
Correspondente em BUENOS AIRES

Martin Etchevers está sempre às voltas com pressões da Comissão Nacional de Valores (CNV), inspeções inesperadas da AFIP (a Receita Federal argentina) e protestos de sindicatos aliados à Casa Rosada que impedem a circulação do jornal “Clarín”.

Este mês, deputados kirchneristas apresentaram projeto de expropriação da empresa Papel Prensa. O grupo esperava isso?

RESPOSTA Sim, era um final esperado. Desde 2008, o governo vem tentando ficar com a empresa e assim controlar a produção de papel, como fez  Perón na década de 50. Muitos não se lembram, mas, naquela época, jornais como “La Nación” circulavam com apenas seis páginas. O
kirchnerismo está repetindo o modelo de controle da imprensa de Perón.

Qual é a importância da Papel Prensa no mercado argentino?
RESPOSTA A empresa abastece 95% dos jornais argentinos, são cerca de 400 publicações. Se o Estado assumir o controle da Papel Prensa poderá fazer a mesma coisa que Perón. Desde o ano passado já tem (por lei) o controle da importação de papel. Ou seja, poderão nos deixar sem papel e, portanto, sem jornal.

Os rumores de intervenção do grupo continuam?

RESPOSTA Sim, agora temos de esperar o próximo dia 29 de junho, quando será regulamentado o artigo 20 da Lei de Mercado de Capitais, que permite a intervenção (a Comissão Nacional de Valores poderia dizer que um sócio minoritário, neste caso o Estado, está sendo
prejudicado). Há duas semanas, várias fontes nos disseram que a resolução autorizando a intervenção já estava assinada. O risco é grande, e continuamos em alerta.

A disputa judicial pela plena aplicação da Lei de Meios não terminou...

RESPOSTA Não e ainda vai demorar. Mas a última decisão da Câmara Civil e Comercial foi importante. Se a Corte Suprema de Justiça confirmá-la, perderíamos apenas duas emissoras de rádio. O objetivo do governo era nos destruir.

'Proceso de paz es serio y bien diseñado': Joe Biden

Vicepresidente de EE. UU. llega al país para forjar una 'alianza estratégica de alcance regional'.

Por: SERGIO GÓMEZ MASERI 
El Tiempo/Colombia/GDA

La última vez que Joe Biden visitó Colombia fue en agosto del año 2000 cuando el entonces Senador por el estado de Delaware acompañó al presidente Bill Clinton en una visita oficial a Cartagena.
Andrés Pastrana era presidente, Estados Unidos acababa de aprobar el Plan Colombia, el gobierno aún negociaba un proceso de paz con las Farc que iba de mal en peor y en Washington se decía que el país estaba al borde de convertirse en un estado fallido.
En los trece años que han pasado desde entonces es mucho lo que ha cambiado. En palabras del hoy Vicepresidente, Colombia es vista como un ejemplo no solo para la región sino en el mundo y si bien el gobierno se ha embarcado en una nueva negociación con la guerrilla lo hace desde una posición de fuerza en gran parte lograda por el apoyo de los estadounidenses.
A pocas horas de aterrizar en Bogotá, donde inicia una gira que lo llevará también a Brasil y Trinidad y Tobago, el Vicepresidente contestó en exclusiva algunas preguntas para EL TIEMPO.
De acuerdo con Joe Biden, el proceso de paz que se ha lanzado con las Farc “es serio, bien diseñado” y EE. UU. lo seguirá respaldando a través de aportes a los programas de restitución de tierras y reparación de víctimas.
Habla, a su vez, de una nueva era en las regiones hemisféricas marcada por intereses económicos mutuos, pero deja claro, eso sí, que Washington no comulgará con la despenalización en la lucha contra las drogas.
El presidente Obama estuvo hace un mes de gira por México y Costa Rica. Ahora lo hace usted y es claro que hay interés. ¿Pero cómo despejar las dudas que aún existen en la región sobre el compromiso de EE.UU, con Latino América?
Durante las próximas décadas, estaremos poniendo nuestro enfoque en las regiones donde vemos mayores oportunidades, y en realidad no tenemos que buscar más allá del continente americano. No existe otra región en el mundo que contribuya más a la prosperidad de Estados Unidos que el hemisferio occidental, ya sea a través de nuestros crecientes enlaces económicos, culturales o familiares.
Creemos que la mejor forma de avanzar en estos objetivos es a través del compromiso activo con un amplio número de socios, con los que compartimos valores e intereses mutuos. Por eso es que el Presidente, en su primer viaje a la región, prometió una política exterior basada en la colaboración y en la responsabilidad compartida. Por eso el Presidente viajó a México y a Costa Rica; por eso yo estoy viajando a Colombia, Brasil y Trinidad y Tobago; y por eso vamos a recibir a los presidentes de Perú y de Chile en junio, y a otros visitantes de América Latina en el segundo semestre del año. Tendremos, pues, el más alto nivel de compromiso que hemos tenido con América Latina en mucho, mucho tiempo, porque hay muchas oportunidades.
El hemisferio occidental ha experimentado un notable crecimiento económico, así como una profunda transformación democrática. Los gobiernos anteriores han prometido una relación más equitativa y más profunda con la región, pero debo decir que nosotros ya hemos cambiado la forma de relacionarnos con nuestros socios. La pregunta ya no es qué podemos hacer por América Latina, sino qué podemos hacer con Latinoamérica.
Recientemente la OEA entregó un esperado informe sobre las drogas, en el que recomiendan que los países miembros hagan un giro hacia la descriminalización en la lucha contra las drogas. ¿Respaldará su gobierno esa iniciativa?
Entendemos y respetamos que algunos líderes de la región han expresado su frustración por el efecto tan devastador sobre nuestros pueblos, causado por el crimen transnacional que se alimenta del tráfico de drogas. Sea apoyando el valiente trabajo del presidente Santos o de otros líderes de la región, el pueblo estadounidense entiende el impacto del tráfico de drogas en las sociedades de América Central y el Caribe, y algunas partes de Suramérica.
Sabemos que no podemos ver el asunto de la oferta de drogas en América Latina sin también tocar el tema de la demanda en Estados Unidos. Por eso hemos invertido miles de millones de dólares en programas de prevención y en tratamientos contra la drogadicción para abordar el problema de las drogas no solamente desde una perspectiva criminal, sino también como un asunto de salud pública.
También por eso hemos brindado un nivel de cooperación sin precedente a países como Colombia, no solo en contra de las drogas que fluyen hacia al norte, pero también para frenar el flujo de armas y el dinero hacia el sur.
Entendemos que nuestros socios también quieren sostener un diálogo para analizar si las leyes que están vigentes ahora están empeorando la situación. Nosotros estamos dispuestos en tener esta discusión. Sin embargo, no creemos que una legalización amplia de las drogas resolverá el problema o reducirá los niveles de violencia que sufre nuestro hemisferio, y por eso seguimos oponiéndonos a la legalización de las drogas.
Las organizaciones criminales transnacionales que trafican con drogas tienen negocios altamente diversificados de los que también obtienen ganancias sustanciales, como el tráfico de personas, el secuestro, la extorsión y la corrupción. Más allá de eso, los desafíos sociales, de salud y de calidad de vida que el público enfrenta cuando las drogas son más amplios y fácilmente accesibles, son monumentales.
Usted y el Presidente Obama han dicho que están dispuestos a respaldar el proceso de paz en Colombia. ¿Cuál es su lectura de la actual negociación y de qué manera creen que puede ser útil?
Los líderes de Colombia, incluyendo al presidente Santos y su gobierno, merecen un enorme reconocimiento por el lanzamiento de este proceso serio y bien diseñado para poner fin al conflicto, para que los colombianos puedan disfrutar la paz y la prosperidad que tanto merecen. Hemos apoyado los esfuerzos de Colombia para mejorar la situación de seguridad y enfrentar los factores que originan el conflicto.
Pero sabemos bien que los propios colombianos son los verdaderos líderes en este proceso. Estamos preparados para continuar apoyando a Colombia en su meta de avanzar hacia un futuro que incluye nuestro respaldo al programa continuo de restitución de tierras y reparación de víctimas por parte del gobierno, a la búsqueda de opciones más viables para los ciudadanos que operan en la economía lícita, y al respeto por los derechos humanos y el Estado de Derecho.
Tras años de ofrecer ayudas, Estados Unidos ahora se refiere a Colombia como un socio estratégico. ¿Cuál es el futuro de esta relación bilateral?
Colombia ya ha recorrido un milagroso trayecto hacia la seguridad y la prosperidad. Vemos gran potencial en su futuro y en nuestra alianza.
La relación bilateral entre Estados Unidos y Colombia se ha mantenido fuerte por muchos años. Nuestra relación va más allá de la seguridad a largo plazo y de la cooperación antinarcóticos, e incluye temas de índole económico, social, medio ambiental, como también derechos humanos, el Estado de Derecho, ciencia y tecnología, y temas regionales y globales. Cooperamos en innumerables temas de interés mutuo y el trabajo constructivo de Colombia con nosotros en programas de seguridad, iniciativas en materia de desarrollo económico y medio ambientales, energía, clima, y las iniciativas de inclusión social son vitales para el logro de nuestros objetivos comunes.
Hoy, la pregunta central sobre las relaciones entre Estados Unidos y Colombia es cómo aprovechar nuestra estrecha relación para construir una alianza estratégica con visión a futuro y con alcance regional y global positivo. Por eso nos asociamos con Colombia para ayudar a los países de Centroamérica a enfrentar los retos del narcotráfico y el crimen organizado. Por eso negociamos un tratado comercial que ha generado grandes beneficios económicos tanto para los colombianos como para los estadounidenses.
Por eso extendimos la validez de la visa para los colombianos de cinco a 10 años, para así fomentar nuestra relación comercial y cultural. También, por eso nuestro presidente ha hecho público su respaldo a las aspiraciones de Colombia de unirse a la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE). Y por eso mismo nos aliamos con Colombia y otros países para lanzar una iniciativa el año pasado llamada ‘Connect 2022’, que busca proveer a todos los ciudadanos del hemisferio el acceso a electricidad confiable, limpia y asequible mediante el aumento de la interconexión eléctrica. Y apenas estamos empezando.
El TLC parece estar beneficiando más a las empresas estadounidenses (las exportaciones han crecido hasta en un 20 por ciento en el primer año) que a las colombianas. ¿Cómo podemos estar seguros de que los beneficios son para los dos países?
Ambos países han visto verdaderos beneficios. Excluyendo petróleo y café, que se han visto afectados en el último año por problemas no relacionados con el TLC, las importaciones de Estados Unidos desde Colombia han incrementado en un 22 por ciento desde que el acuerdo entre ambos países entró en vigor. Si bien es cierto que antes de la firma del TLC la mayoría de productos colombianos gozaban de acceso libre de aranceles al mercado de Estados Unidos, bajo varios programas de preferencias comerciales, esos programas vencieron en varias ocasiones. Una de las ventajas que la permanencia de nuestro tratado comercial ofrece a los empresarios colombianos es la confianza que ahora tienen para invertir en el desarrollo de nuevos mercados para sus productos en Estados Unidos.

mayo 25, 2013

Por Dentro de O Globo: Argentina, libertad amordazada

Cuando Néstor Kirchner fue electo presidente en el 2003, periodistas argentinos recomendaron observar lo que él había hecho en los 11 años como gobernador de Santa Cruz. Allá los Kirchner también fueron acusados de controlar los medios de comunicación y la Justicia, de favorecer empresarios amigos y de implicación en casos de corrupción. Con Kirchner aún vivo, surgieron señales de que aplicaría en el país el modelo de Santa Cruz.

La intervención del Indec (el IBGE argentino) en 2007, fue en su último año de gobierno. Después vinieron el cerco a la prensa, la expropiación de empresas y, este año, el control de la Judicatura. La sensación entre los argentinos es que las libertades están afectadas. 


O GLOBO inicio este domingo una serie de reportajes en la sección de Economía, que muestra la escalada del cerceamento a la libertad de prensa en el país. Los medios de comunicación privados son perseguidos y los aliados reciben recursos de la publicidad oficial de la presidente Cristina Kirchner. 


Suscrita por la corresponsal en Buenos Aires, Janaína Figueiredo, la serie, que será compartida con los otros diez periódicos que, como O GLOBO, forman parte del Grupo de Diarios América (GDA), mostrará también los efectos de la falta de libertad el día a día de los argentinos. 


"Muchos temen que su país esté copiando el modelo chavista", cuenta Janaína.





Mas Información:
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mayo 21, 2013

Por Dentro do GLOBO: Mais um passo para a integração

São muitas as etapas que devem ser percorridas até que o processo de unificação das produções do jornal impresso e do site do GLOBO seja concluído. A experiência mais recente aconteceu na editoria de cultura. No último fim de semana, editores e repórteres decidiram unir um plantão que antes era separado.

— Pela primeira vez, os repórteres escalados para ajudar a fechar o jornal ficaram também com a responsabilidade de atualizar o site. Somamos forças com Liv Brandão, repórter do on-line, e passamos com louvor pelo primeiro fim de semana integrado — afirma Cristina Fibe, editora adjunta do Segundo Caderno.

A integração total já é uma realidade na Rio, onde todos os repórteres foram treinados para operar as diferentes plataformas de produção de reportagens, incluindo a de vídeos. 

— O dinamismo da editoria Rio, com fatos que acontecem 24 horas por dia e sete dias por semana, exige certa independência e rapidez do reportariado, que precisa estar treinado para distribuir a notícia em tempo real — diz Gilberto Scofield Jr., editor da Rio.

Na editoria de Esportes, com a aproximação da Copa das Confederações, esse processo foi intensificado, e o editor assistente Iúri Totti deixou de se dedicar integralmente ao jornal para também trabalhar na edição do site.


— Estou fazendo uma tabelinha bastante construtiva com o Luiz Filipe Barboza (editor assistente responsável pelo Esportes na rede), que também está aprendendo a trabalhar mais intensamente no jornal — conta Iúri.




Foto: Iúri, Liv, Gilberto e Cristina / Gabriel de Paiva / O Globo

mayo 16, 2013

ELNUEVODIA.COM el sitio más visitado por los boricuas

Un estudio realizado por SME reflejó que aumentó el uso de internet en la Isla

Por Yalixa Rivera Cruz / yrivera@elnuevodia.com
El internet sigue aumentando a pasos agigantados en Puerto Rico alcanzando un 57% de uso entre la población de los 12 años en adelante, lo que representa 1.8 millones de usuarios, un incremento de siete puntos porcentuales frente al 2012, reveló hoy un estudio digital preparado por la Asociación de Ejecutivos de Ventas y Mercadeo de Puerto Rico (SME).
El estudio, que evaluó el comportamiento de los usuarios en medios digitales, internet y teléfonos móviles durante el 2013, demostró que de 9 de cada 10 usuarios que están conectados a internet participan de las redes sociales, mientras que ELNUEVODIA.COM se mantuvo como el sitio web más visitado en internet por los usuarios boricuas, tanto en móviles como a través de computadoras.
“Alcanzar un 57% representa un gran logro para Puerto Rico. No sólo por el incremento de siete puntos porcentuales, que es el mayor experimentado, sino porque se da en momentos en que todavía la economía del país está muy frágil”, sostuvo Luis Rodríguez Báez, vicepresidente de Estudios Técnicos, firma encargada de realizar el estudio.
Esta cifra se adelanta mucho a las proyecciones que se tenían de llegar a un 60% en el 2015.
Otros datos ofrecidos por el estudio revelan que el celular se ha convertido en el medio preferido para acceder a internet. Según la investigación existen en Puerto Rico unos 3.1 millones de celulares de los cuales un 78% son teléfonos inteligentes.
El 70.3% de los usuarios se conecta a través del celular, mientras que el 62.7% lo hace a través de computadoras.
Samsung se colocó como la primera marca que reconocen los usuarios cuando le mencionan celular.
Las personas que se conectan a redes sociales prefieren Facebook, seguido de Google+ y Twitter.